Vozes silenciadas
- por Eliza Rodrigues da Silva
- 19 de jul. de 2016
- 1 min de leitura
O universo morava em mim,
Concertos preenchiam o vazio entres as estrelas,
Mundos criados ao som da melodia,
Os anéis que coroam os planetas,
As vigorosas chamas rubras dos solos,
O congelante azul,
Áridas superfícies desenhadas à mão pelas adversidades,
Ostentando os traços do existir
Delineando o tempo em linhas encarnadas,
Entre o conservar e o desfazer
No escuro infindo, cingidos pelo manto negro,
Costurados em véus de puro brilho,
Indecifráveis corações, enigmas sublimes;
Longínquos oceanos inquietos,
Conclamavam-me à árdua jornada,
Para que me fartasse de pequenas alegrias,
Partilhando sorrisos imersos em mistérios,
Despertando improváveis acordes,
Encontrando-me em caminhos trilhados por passos alheios,
Irremediável procura, incurável dissensão
As luzes afugentam as trevas,
Ou as sombras cerceiam o alcance da luz?
Antigas canções soaram sob a névoa espessa,
Guiando-me para casa,
Doei-me por inteiro, permaneci completo,
Mãos que se entrelaçam, confluentes;
O que contém? E o que está contido?
Transcendi o compreender,
Permiti que a vida semeasse suas verdades:
O sentir é a eternidade dos mortais;
Tornei-me o sopro alegre que movimenta as nuvens,
Tornei-me a música sob a qual as flores valsam nos campos,
Difundindo fragrâncias primaveris;
Tornei-me as raízes profundas das arvores frondosas
Tornei-me as ondas que rebentam na praia
Fundi-me ao centro da Terra,
Adormeci para sempre,
Amor sustentado no amor,
Coragem sustentada na coragem,
Vida que se sustenta na vida,
Do silêncio ao silenciar.
Comments