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Uma cultura do desamparo

  • Marcelo Cardoso
  • 2 de set. de 2016
  • 2 min de leitura

Esta semana o assunto que tomou conta de nossa atenção, e não poderia deixar de ser diferente, foi o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Apesar de ter me mobilizado bastante, não queria escrever sobre política. Primeiramente, porque a política nas redes sociais tem causado grande furor, debates acalorados, posições polarizadas, que ao final das contas chegam a lugar algum, e pior, nem mesmo apontam para alguma direção de concatenamento. Assim sendo, ainda que tenha meus posicionamentos, prefiro deixá-los no âmbito do foro íntimo.


O segundo motivo pelo qual não escrevo aqui sobre política está relacionado à dificuldade de entender algo sobre a política neste momento. Por mais que me esforce, procure informações, que estude, a política no país está incognoscível para mim e acredito que possa estar difícil até mesmo para os grandes estudiosos da área.


A incongruência tomou conta, muito se falou em “impeachmar” com base nas premissas da Constituição Federal e neste próprio processo, quando se imputou a pena, divergiu-se da letra da nossa Carta Magna. Isso entre outras inúmeras contradições, tal qual a autonomia constitucional entre os poderes, sobre a qual não me aprofundarei devido a minha total incapacidade de fazê-lo.


Venho escrever sobre um sentimento bem humano, o desamparo. Uma sociedade ideal, que fosse justa, que zelasse pelo bem-estar de todos, que respeitasse as diferenças, que fosse igualitária, que cuidasse do interesse comum, teria o papel de amenizar o desamparo constitutivo humano frente a todas ameaças que o cercam. Ser cidadão consiste em abrir mão de interesses particulares em benefício de interesses coletivos em nome de uma segurança para todos.


Pois bem, nossos próprios representantes políticos não se interessam pela causa coletiva, tudo se trata apenas de salvaguardar interesses de pequenos grupos que tiram proveito de sua situação para oprimir e tirar vantagens. As voltas políticas fazem parte de um jogo inteiramente descolado da coisa pública, no qual vence quem aprendeu a jogar conforme as regras, regras que não têm relação nenhuma com a ética.


Muito se falou sobre a decadência da democracia, regime através do qual o povo é soberano e exerce tal poder através dos seus representantes eleitos pelo voto, e, levando-se em consideração que os legítimos representantes não representam em nada o povo e nem mesmo a Constituição da qual deveriam ser guardiões, pergunto eu se a democracia existiu de fato antes de decair.


Acredito que todos, independentemente de serem afeitos a qualquer partido ou posição ideológica, estamos experimentando a mesma sensação de desamparo. O olhar que se coloca à nossa frente agora é como podemos agir para que a política possa ser ato de democracia de fato e não só de direito, esperançando, eu, que olhar adiante seja alguma forma de amenizar o desamparo hoje.


 
 
 

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