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Saudade de um tempo não vivido

  • Marcelo Cardoso
  • 1 de nov. de 2016
  • 2 min de leitura

De repente você está assistido a um filme antigo, vendo um clipe dos anos 70, ouvindo uma música do início do século XIX e “pam” sente uma saudade... Até aí tudo bem, todo mundo sente saudade, ainda mais quando um cheiro, um som, algum tipo de roupa ou penteado nos joga direto a um acontecimento da infância e automaticamente você se lembra daquela festinha cheirando a bolo e guaraná ou daquele clima “desresponsável” da adolescência com gosto de tequila, sentindo cheiro típico de naftalina nas narinas. Lembranças e saudade de um tempo vivido.



A estranheza acontece quando sentimos saudade de um tempo em que ainda não existíamos. Há saudade de tempos em que nem nossos pais haviam nascido ou até mesmo nossos avós. O que dizer de sonhar com uma caminhada na rua em pleno século XVIII, percebendo todos detalhes das casas, o clima, a iluminação do lugar?


A explicação pode estar na distinção entre saudade e nostalgia.


Saudade é direcionada. Quando se tem saudade, a gente sente falta de uma situação especial, daquela pessoa, de um lugar específico, ou seja, para se ter saudade você já deve ter vivido algo anteriormente que permite a lembrança e a ausência.


A nostalgia é a idealização de algo. Portanto, para se ter nostalgia não é necessário que se tenha vivido aquela coisa, mas a apreendido no campo das idéias. Assim, não é necessário ter vivido há dois séculos atrás ou a três séculos à frente para se ter nostalgia destes momentos, pois o que aparece são as idéias a respeito deles. E, na maioria das vezes, a nostalgia nos traz uma sensação boa porque podemos imaginar a situação do jeito que quisermos sem qualquer compromisso com a realidade. Mas, ao mesmo tempo, nos traz uma sensação de perda por se tratar de algo que não estamos vivendo agora, que não possuímos no momento.


Nostalgia se pode sentir de um amor nunca encontrado, de uma satisfação plena nunca conquistada, de uma felicidade nunca sentida. Por isso, assistindo a um seriado futurista eu posso sentir nostalgia daquele tempo, pois o importante não é o “como será”, mas sim o “como seria”.


Quem nunca se pegou dizendo: "tempo bom era na minha infância". Bom mesmo é sentir saudade e nostalgia ao mesmo tempo.


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