Todos têm sempre algo a dizer na vida de vitrine que ostentamos nesta “sociedade líquida” em que vivemos. É uma realidade que não nos dá espaço para ouvir as vozes que sussurram nos recônditos de nosso ser. Triste imaginar que podemos chegar muito longe, trilhando um longo caminho, sem conhecer a nós próprios. Em um mundo barulhento, o silêncio incomoda. Parece alheio a nós.
Curioso pensar que longos momentos de silêncio confortável entre duas pessoas requer intimidade. A ausência de palavras diz muita coisa. Imagino o que ouvir nosso silencio interno significará. Estar confortável consigo mesmo? Conhecer-se, ter intimidade consigo?
Escutar o próprio silêncio significa cultivar a própria alma, trabalhar o próprio eu, e não, não significa ausência de ações ou de reflexões. O crescimento humano, em geral, origina-se de um incômodo, mas nós, por outro lado, superestimamos o conforto. O conforto tem aparências de lar, contudo as aparências enganam não é mesmo?
A existência é repleta de incômodos, saber isso é o único conforto que vale a pena alimentar. Vamos deixar que o silêncio nos incomode enquanto descobrimos mais sobre nós mesmos. Ouçamos nossos próprios silêncios, deixemos reverberar pelo ser, compartilhemos os que forem ensurdecedores.
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